Deputada Célia Xakriabá propõe destinação de 5% do orçamento militar dos BRICS para ações de gênero e clima
- Redação
- 9 de jun.
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Durante sua participação no Fórum Parlamentar dos BRICS, nesta terça-feira (3), na reunião “Fortalecendo Mulheres para Enfrentar a Crise Climática”, a deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) apresentou uma proposta de destinação de 5% dos orçamentos militares dos países do bloco para uma agenda global voltada à justiça climática e de gênero.
O pedido foi formalizado em uma indicação encaminhada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (Banco dos BRICS), Dilma Rousseff. A iniciativa busca mobilizar investimentos concretos e estratégicos para ações climáticas com foco na proteção das mulheres, especialmente as do Sul Global.
“Se os países do BRICS redirecionarem apenas 5% dos seus gastos militares, poderemos mobilizar cerca de 34,7 bilhões de dólares por ano para proteger o planeta e garantir um futuro às nossas meninas”, afirmou a parlamentar. “Essa proposta é um chamado à vida. Enquanto bilhões são investidos em armamentos, a crise climática já provoca desastres, migrações forçadas e fome. É hora de escolher entre a guerra e a vida.”
Célia destacou que mulheres e meninas são desproporcionalmente afetadas pelas mudanças climáticas. Segundo dados da ONU citados pela deputada, até 2050 mais de 158 milhões de mulheres poderão ser levadas à pobreza em razão da crise ambiental. “Não se pode falar em transição ecológica justa sem pensar nas meninas indígenas, nas mulheres das periferias e nas comunidades tradicionais”, enfatizou.
A deputada também aproveitou sua participação no fórum para cobrar coerência do Congresso Nacional brasileiro, que, segundo ela, afirma defender a sustentabilidade, mas aprova projetos que enfraquecem o licenciamento ambiental e tentam sustar decretos de reconhecimento de terras indígenas. “Não é possível dizer que se está ao lado do meio ambiente votando contra os povos que protegem a biodiversidade. Precisamos de responsabilidade com o presente e compromisso com o futuro”, disse.
A proposta apresentada durante o fórum dialoga com iniciativas internacionais, como a do governo do México, que sugeriu no G20 destinar parte dos recursos militares ao reflorestamento. No caso dos BRICS, a sugestão de Xakriabá amplia o escopo para incluir políticas de enfrentamento ao racismo ambiental, incentivo à agroecologia e proteção dos territórios indígenas.
“A agenda climática precisa ser feminista, interseccional e baseada na justiça social. O Banco dos BRICS tem um papel estratégico para financiar essa transição”, reforçou a deputada mineira.
A expectativa da deputada é que a proposta inspire também os parlamentos dos demais países do bloco — China, Índia, Rússia e África do Sul — a adotarem políticas semelhantes em seus territórios. Ela afirmou ainda que o Brasil, como sede da COP 30, tem a chance histórica de liderar com coragem a articulação por um novo pacto global em defesa do planeta.

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